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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Não é que seja saudosista, mas ...

Não é que seja saudosista, mas vi, hoje, a foto do meu primeiro carro, um lindo Gordini vermelho, com estofamento em preto.
Estávamos, ainda, na década de '60 e eu era bancário, época em que conheci um mineiro elegante chamado Lincoln, vendedor da Facit, máquina de calcular inovadora do mercado. O presidente da empresa também era presidente do Clube de Regatas do Flamengo.
Como não podia deixar de ser, o Lincoln, o Flamengo e o presidente Otto Ola Gunnar Gorason ("Seu" Gunar, como o chamavam), todos eram meus clientes no Banco.
Um dia, o Lincoln me questionou se tinha carro. Na negativa, zangou-se e me disse que não concebia um gerente de banco sem carro.  Disse-lhe que estava em vésperas de me casar e precisava montar, primeiro, minha casa e que o dinheiro não dava para tudo.
A solução veio no dia seguinte.
Chegou ele com o carro, meu primeiro carro e uma nota promissória com data de seis meses da data (estávamos no meio do ano) e me disse:
-"Seu" Gunar mandou vender o carro da esposa dele, dona Barbro, para você.  Está aqui a chave.  Assine a nota promissória e depois você vê como paga, daqui a seis meses, quando receber a gratificação do banco.
Não tive escolha, tornei-me um feliz proprietário de um lindo Gordini, quase novo.
Rindo, o Lincoln me disse que a dona Barbro só usava o carro para fazer feira... (a feira era quase na porta do prédio dela e dona Barbro, com tantas empregadas que tinha, jamais precisou ir à feira).
Os meses se passaram e o meu casamento chegava.
O dinheiro era pouco, embora meu salário não fosse dos piores.
Viajei para Itabirito, cheio de alegria, com meu primeiro carro, para felicidade de meus irmãos (ainda pequenos) que vibraram com a idéia de andar de carro.
Chegou o vencimento da nota promissória e, aí, acabou-se o que era doce.
Vendi o carro e paguei o preço.


Mas vale a pena lembrar!

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