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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Tempo, tempo, tempo...



Rádio CBN ligada no receptor do carro, ouço a premiada escritora E. Brum e sua visão da vida.

Fala de uma doméstica que teria dito, mais ou menos, o seguinte:

“Quando descobri o que fazer com meu tempo, não tinha mais tempo...”

Impressionou-me a frase e lembrei o também escritor e, com certeza, não tão premiado quanto a Brum, mas muito mais conhecido, Olavo Brás dos Guimarães Bilac:

“Dê tempo ao tempo que o tempo dará tempo a tudo.”

Ora de meditar, escritores: O tempo é único para cada vida e uma vida bem vivida é aquela que respeita seu tempo e o faz respeitado.

Meu tempo, com certeza, é só meu, mas poderá ser de todos que dele tirarem algum proveito ou lição.

Assim, continuo escrevendo, pois é tempo de escrever e eu gosto...



Romeu O. Gurgel,

Copacabana, 16 de abril de 2012.

sábado, 7 de abril de 2012

VICENTE BARBEIRO

No interior, os nomes se perdem e apelidos ou referências os substituem. Não foi diferente com meu pai, Vicente Paulo Gurgel que, se vivo fosse, estaria beirando 96 anos de vida. Passou à eternidade poucos dias antes dos 80, mas não sem deixar muitas lembranças e muitas estórias, histórias e “causos” típicos do mineirão que gostava de conhaque, cachaça e bebia cerveja quente, porque gelada fazia mal aos pulmões comprometidos com uma asma crônica.

Conheci-o quando completei meus 9 anos de idade e, lembro-me bem daquele dia que ele voltou para minha mãe, a quem abandonara cerca de sete anos antes, deixando-a com um casal de filhos (eu e Teresinha).

A todas as conversas, Papai respondia com um “é lógico” e consentia com o que eu dizia.  Ainda não foi daquela vez que ele ficaria conosco, sua família, pois deveria voltar a Passa Tempo e resolver algumas coisas.  Escreveu-me.  Respondi com uma página de caderno inteira escrita de cima em baixo “é lógico, é lógico, é lógico...”

Pedi-lhe um violão de presente (nunca aprendi nada de música, senão o indispensável para passar nas aulas do Professor José Bastos Bittencourt), mas Papai satisfez meu pedido.   Como eu era bastante franzino e ele não via como eu pudesse segurar um violão, trouxe-me um cavaquinho.  Minha mãe, com sua letra bonita, nele escreveu “Romeu Oliveira Gurgel aos 9 anos de idade” e, ante minha indignação por ela ter escrito no instrumento, ensinou-me que os grandes artistas escreviam seus nomes (autógrafo? acho que era o que ela queria dizer).

Sempre achei que Papai, secretamente, falava bem de mim.  Mas, na presença, sempre me repreendia, sem jamais agredir.  Ensinava.

Esta semana, confirmei minha suspeita da admiração do meu pai.

Este fabuloso veículo de aproximação que é a rede social da web me enviou o depoimento de Sebastião Paulo Oliveira Pinto, remontando à sua infância e as idas de Papai à casa dele, no exercício de seu trabalho.

Ei-lo:

Ali na Rua João Pinheiro, tinha uma escolinha na qual quando rapaz frequentei muitas quadrilhas juninas. Então perto desta escola morava um barbeiro (Sr. Vicente, acho) que o meu pai, Manoel (Balão) João Pinto; quando eu era criança, solicitava seus serviços e ele ia lá em casa e cortava o cabelo de todos os filhos as vêzes até das meninas tambem.
Tinha um filho que era um orgulho dele e durante todas as vêzes, doze vêzes por ano, eramos "obrigados" no bom sentido a ouvir todos detalhes sobre este guri, desde de um simples bolso furado até de como era campeão no jogo de finca.
Bom se eu não me engano esse filho é voce, e pelo que sei quando vou em Itabirito vendo suas crônicas no jornal, Sô Vicente, já no andar de cima, deve continuar, agora com certeza, a falar da cria com o oragulho de sempre, e agora plenamente justificado.
Uma abraço, tudo de bom, sucesso e DEUS abençoe voce,sua casa, e toda sua familia.
Em tempo, se estiver enganado, delete o que for equivoco, e quarde as coisas boas do texto como um incentivo ao ser humano que voce é, porque se seu pai não for o Vicente, com certeza outro homem como pai forjou um belo carater.

Pois é, Sebastião, você me fez chorar de alegria, por me dar a conhecer que Papai se orgulhava de mim e dizia isso a amigos como você e seu pai.

Queira Deus, amigo, quando eu já estar em outro mundo, alguém possa dizer a meus filhos o quanto os amo e admiro e o quanto deles me orgulho. E são cinco: Alexandre e Cláudio (filhos de minha primeira esposa, Lourdes), Túlia, Maira e Romeu (filhos da Sônia).  As “crianças” tem de 44 a 33 anos e já me deram quatro netinhos  (Pedro, 16, Mel, 8, Clara, 7 e João Victor, 5).

Não perco uma única oportunidade de falar dos sucessos dele e, como você fez na sua infância, muita gente tem me “aturado” contando meus casos de sucesso de meus filhos.

Romeu Oliveira Gurgel, Copacabana, 7 de abril de 2012.