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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MIASÓ, RO IME.

 
MARIA JOSÉ
Vejo no facebook a notícia de que faleceu, ontem,  Maria José Michel Nascimento, “madrinha de carregar” do José Antônio Braga.

Remonto a uma noite triste, quando o Professor Alcides Rodrigues Pereira, Diretor do Educandário São Geraldo, após chamar à sua sala a minha querida Maria José Michel, adendrou a classe e informou: - “Está suspensa a aula, o Sr. Henrique Michel foi morto.” Mais tarde soubemos que fora  assassinado pelo seu sobrinho, Clóvis.

Levantei-me, com pressa e fui ao encontro de Maisé, forma carinhosa como a tratava, e, com ela aos prantos, acompanhei-a pela ladeira da Delegacia de Polícia, em direção à sua casa. Já no topo da ladeira, vinha Tarcísio Nascimento, também meu amigo e seu noivo, que a amparou e levou para juntar-se à Dona Lenira Borges Diniz Michel, sua genitora.

Ela o amava muito e eu disso sabia, pelas suas confidências.

Sempre a estimei e, por respeito e lealdade, jamais disputei com ele o eterno amor que sempre dediquei à Maisé, nunca declarado.

Certa feita, cheguei a postar-lhe uma carta que retirei do correio antes que fosse entregue. Havia um código de troca de letras que usávamos (ZENIT X POLAR), pelo qual essas dez letras eram trocadas entre si, mantidas as demais, para confundir a leitura dos perplexos professores quanto aos estranhos textos. Muitas vezes escrevi: “Miasó, ro ime!”

Nos dias que se seguiram, publiquei minha última homenagem ao Senhor Henrique Michel, no jornal “O Itabirito”, onde assinava R.G. nas crônicas sociais (número 79, 1º de outubro de 1959), que transcrevo:

“De luto “O Itabirito Social”

Henrique Michel

Ele veio como uma manhã de sol!  ...

E, como o sol fulgente das manhãs bonitas, iluminou, com seu sorriso franco de homem bom, com seu olhar firme, sincero e acolhedor, todos aqueles que tiveram a ventura de encontrá-lo.

Espalhou, na terra que o recebeu, fulgurantes raios de bondade, de filantropia, de generosidade, de compreensão, de ternura!

Ajudou a florescer nos jardins da existência de todos que o conheceram, mais encantamento, mais luz, mais vida.

Inabalável como o Rei dos Astros, tornou inquebrantáveis seus ideais, eterna sua crença, exemplar sua passagem pelo mundo terreno.

Solidificou-se e enraizou-se por entre aqueles que dele se achegaram e se lhe tornaram amigos, na convicção da união de forças, para a consecução do bem da humanidade que sentia junto de si, no dever de salvaguardá-la dos reveses da sorte.

Para ele, porém, não eram suficientes estes dons.

Foi além: pai extremoso e amigo em todas as ocasiões, esposo fiel, filho dedicado...

Mas ... como as manhãs de sol, também se foi, no entardecer, a sumir por ente montanhas que galgara no cumprimento de seus deveres, na realização de seus sonhos.

A todos cobriu com o manto da solidariedade humana.

Coberto, foi,  de flores, de milhões de pétalas que, somadas, não perfazem um fragmento sequer dos benefícios que praticou.

As lágrimas de adeus são a certeza da eternidade, o consolo para os seus.

Sua firmeza de caráter deixa-lhes o modo do bom viver no provir, em honra de sua memória, de seu nome.

Choramos sua partida!

Consolamo-nos com a certeza de sua felicidade eterna, que mereceu à custa de dores e sacrifícios.

Ele veio como uma manhã de sol! ... e, como uma manhã de sol, partiu, para, soberano como o grande astro, tomar assento no trono de luz que, para ele, se ergueu na vida de por todos os séculos, a lado de Deus, Justo e Sapiente!...

(R.G.)”



Hoje, sei que Henrique Michel vai, lá no Céu, anelar os cabelos da sua filha recém chegada por vontade de Deus e que, de lá, por certo, dirá, como sempre me dizia, quando, contínuo do Banco da Lavoura, entregava-lhe avisos e duplicatas:

 - “Oh... “minino” você de novo com suas cartas ... ” (e ria muito).

Desta vez, “Seu” Henrique, a notícia é de que o Senhor, que veio como uma manhã de sol, estará tendo a luz eterna ao lado da muito querida Maria José que iluminou vida e corações e que jamais deixará de ser por nós saudosamente lembrada.

Copacabana, 16 de setembro de 2011.