Neste primeiro
dia de 2014, acordei com a lembrança de uma canção cômica que meu finado amigo
Raul Nélio gostava de cantar para companheiros daquela cervejinha gelada no bar
da esquina: “Portugal não foi à guerra, / mas também não se acovardou-se (sic),
/ cobriu-se com um lençol / e escreveu, por cima, /Portugal mudou-se ...”
Os protestos
do lusitano do bar, quase sempre, acabavam com uma confraternização de
torcedores do Vasco da Gama, mas sempre deixando claro que a Pátria longínqua
sempre foi valente, sem covardia.
Viajo no tempo
e relembro o historiador Heitor do Amaral Gurgel, também de saudosa memória,
ofertando-me seu autógrafo no livro que narra a origem dos “Gurgel” e conta a
valentia do primeiro do nome, aqui no Brasil, o francês Toussaint que, após ter
sido afundado o navio de guerra em que tentava conquistar nossas terras, nadou
bravamente até o litoral e, após cuidados pelos escravos do Capitão Geral de
Angra dos Reis, caiu nas suas graças e acabou, mesmo, conquistando sua filha,
com quem se casou.
O livro, Uma
família carioca do século XVI, é um estudo sobre nossa família, da qual o autor
se orgulhava por pertencer.
Fato que não
se pode negar é que todos os Gurgel são bravos, altivos, fortes e, até aqueles
que, como o Duque de Caxias (Luís Osório de Lima e Silva) não ostentavam o
nome, pois apenas sua mãe o tinha, perdendo-o com o casamento, ficaram marcados
como heróis.
Certo é que
Gurgel não combina com covardia e todos os detentores deste nome, de que me
ufano, de alguma forma, lutam pela preservação dos direitos e da justiça.
Senti que
tenho que registrar isto, para que meus filhos e netos sempre se orgulhem por
pertencerem ao clã e que prossigam, sem covardia, a trajetória da vida.
Os mais velhos
sabem que nem mesmo uma arma apontada para mim fez com que me afastasse dos
meus conceitos e princípios, mas que o amor sempre incentivou minhas
atitudes. Claro que não me refiro ao
amor paixão passageiro, mas ao amor e respeito pela vida, pela natureza e pelo
ser humano, das crianças aos mais velhos.
Hoje em dia,
nem mesmo precisamos sair de casa para vivermos situações de ameaça, de
constrição, de medo, de covardia.
Mas, filhos e
netos (será que conhecerei bisnetos?), não importa se com uma arma ou uma
caneta na mão, ou melhor, com um celular conectado na rede social, sejam sempre
autênticos e verdadeiros.
Enfrentem o
mundo, ganhem os concursos, de escola ou de trabalho, sempre com galhardia, com
a certeza de que Gurgel não significa covardia.
Copacabana, 1º
de janeiro de 2014, Romeu O. Gurgel.
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